Na Praia
Paula Rego
7 de dezembro de 2016 a 26 de fevereiro de 2017
Inauguração dia 7 de Dezembro às 19h00
Curadoria: Catarina Alfaro
Esta exposição apresenta um núcleo fundamental de obras realizadas
por Paula Rego durante os anos de 1980 e tem como eixo central a
obra Na Praia, de 1985. Exposta em Outubro deste ano em
Londres na 'Frieze Masters', a pintura foi recentemente depositada
por um colecionador particular na Casa das Histórias Paula Rego,
passando a integrar o seu acervo.
O encontro, furtivo ou explícito, com as histórias
e as imagens que as contam nunca se traduz, na obra de Paula Rego,
numa tentativa de ilustrar a pintura antiga, a palavra, o romance,
ou a persistência das imagens cinematográficas ou teatrais que se
alinharam como as suas influências marcantes.
Ao compilar fragmentos de pinturas, caçados aqui e
ali, Paula Rego arranca da sua memória histórias e imagens que
estão associadas às suas impressões visuais mais profundas,
auxiliada por novos - mas temporalmente longínquos - estímulos
visuais que actualizam essa memória. É precisamente do confronto
com as imagens do passado e a sua actualização na
experiência/memória visual e narrativa da artista que surge o corpo
de obras concebidas durante e após esta experiência com a colecção
da National Gallery.
A Caçadora Furtiva, na Casa das Histórias Paula
Rego, mostra, com particular destaque, uma série de trabalhos da
artista que resultam precisamente deste encontro com as colecções
de museus ou os que são criados na sequência de um convite para
exposição nesse contexto museológico, sem que haja necessariamente
uma relação com as colecções.
É nesta condição de caçadora furtiva que persegue a
sua presa e se recolhe, para depois se fundir com ela, que devemos
olhar para as obras presentes nesta exposição.
Na década de 80 a artista encontra uma linguagem visual
radicalmente nova para contar as suas histórias, criando um
universo ambíguo e complexo de interação entre humanos, animais,
vegetais e híbridos. Estas criaturas encantadas são os atores deste
caleidoscópico de aventuras luxuriantes, onde impera a desordem. As
obras são realizadas numa escala panorâmica e multidimensional,
através de um processo criativo rápido, contínuo e fluido, num
equilíbrio entre a multiplicidade de personagens e de sub-enredos e
a totalidade da composição.
O seu traço não apresenta hesitações e as personagens, humanas e
animais, são fisionomicamente intuídas pelo seu preciso sentido de
observação. É como diz Paula Rego: são bichos que parecem
pessoas e pessoas que parecem bichos - dizendo não saber o
que vem primeiro. O desenho puxa o boneco e, assim,
os desenhos vão aparecendo no pincel…começo com um gesto, o
resto do bicho vem atrás.