DUPLO VÊ
Mattia Denisse
Curadoria: Catarina Alfaro
29 de setembro a 13 de novembro 2016
Exposição prolongada até 27 de novembro de
2016
Inauguração dia 29 de setembro às 18h
DUPLO VÊ é, ao mesmo tempo, o nome em extensão da letra W e "o
'duplo ver' de um Deus vesgo". A partir de uma "deficiência ocular
de Deus", Mattia Denisse (1967) fixa o enigma da compreensão do
mundo: as coisas são como são (independentemente de como as vemos)
ou a realidade é infinitamente inatingível e misteriosa?
As histórias assímptotas - contadas através de 257 desenhos,
dispostos em 18 mesas, realizados numa multiplicidade estilística
que vai da figuração à simplificação esquemática -
coexistem e são expostas em paralelo mas com diferentes graus de
proximidade. Sem qualquer lógica sequencial aparente, remetem, no
entanto, umas para as outras. Duplo Vê (2016), um conjunto de
desenhos realizado especificamente para esta exposição, surge como
um último capítulo que reconduz todos estes fragmentos narrativos à
sua unidade essencial.
Estas histórias de génese completamente distinta, não se
misturando nunca, acabam por se contaminar, abrindo assim a
possibilidade de uma narrativa que é, em grande parte, conduzida
pelo próprio autor repetidamente representado com e através do seu
duplo (doublé). É esta projecção fantasiosa, personagem algo
fantasmática e mutável na sua função narrativa, que assume
múltiplas facetas em diferentes histórias. De
conferencista-erudito, prestes a revelar o sentido do universo a
primitivo selvagem; de jogador de xadrez a escritor ou geógrafo, o
duplo reflecte apenas uma ideia transversal à exposição: a
duplicação aparente da realidade.