A Casa das Histórias Paula Rego é um projeto do arquiteto
Eduardo Souto de Moura. Retomando, num espírito contemporâneo,
alguns aspetos da arquitetura histórica da região, distingue-se de
imediato na paisagem por duas estruturas piramidais de igual
dimensão e pelo betão pigmentado a vermelho.
Assumindo-se o terreno e as árvores preexistentes como elementos
fundamentais, os diferentes volumes que compõem o edifício
configuram quatro alas, subdivididas no interior em salas
sequenciais, dispostas em torno de um volume central mais elevado,
que corresponde à sala de exposições temporárias. O interior, em
tons neutros, pavimentado a mármore azulino de Cascais, conta, para
além das áreas técnicas e de serviço, com 750 m2 de áreas de
exposição, uma loja, uma cafetaria com esplanada aberta para um
frondoso jardim e um auditório com 195 lugares.
O projeto, correspondendo à vontade da artista Paula Rego, para
quem esta obra foi pensada e a quem se deve a escolha do arquiteto,
dá resposta às muitas exigências de funcionalidade museológica, sem
esquecer o bom acolhimento aos visitantes.
"Com a Casa das Histórias, dir-se-ia que Eduardo Souto de Moura se
aproxima de uma abordagem 'regionalista', distanciando-se do
abstracionismo moderno dominante na sua obra. Um regionalismo,
todavia, não crítico e estranho ao significado de 'resistência' que
justificou outras abordagens no Portugal dos anos oitenta do século
passado. Neste espaço museológico para Cascais, Souto de Moura
associa determinados dispositivos formais a heranças de composição
arquitetónica, fórmulas de implantação e usos de escala que se
podem facilmente contextualizar numa geografia muito particular. A
proximidade com a obra de Raul Lino acontece, portanto, num
enquadramento paisagístico 'a Sul', sem expedientes decorativos e
despojada de recursos pitorescos."1
1 O Arquitectar das Casas Simples, Ana Vaz
Milheiro, in Casa das Histórias Paula Rego - Arquitectura, 2009
"Com este museu, Souto de Moura desenvolve uma 'arquitetura do
nosso tempo', ainda que, na realidade, repita "modelos antigos" -
tal como defendia Aldo Rossi na sua autobiografia científica -,
evocando arquétipos intemporais da iconografia urbana: torres,
faróis, silos e chaminés, como as que marcam o perfil do Palácio de
Sintra. Não é de espantar, e continuando na 'analogia', que, ao
descrever este museu, Souto de Moura mencione ainda as coberturas
pronunciadas dos palacetes de Raul Lino, ou a ideia de 'chaminé
habitada', evocando a da cozinha de Alcobaça. De facto, e no seu
melhor sentido interpretativo, a Casa das Histórias apresenta-se
como uma obra 'historicista', condição esta que certamente
espantará os mais fiéis seguidores e confundirá os mais diligentes
críticos de Souto de Moura."2
2 O Palácio Escarlate, Nuno Grande, in Casa das Histórias
Paula Rego - Arquitectura, 2009
Autor Eduardo Souto de Moura
Data do Projeto 2005
Data da Construção 2008-2009
Área de Construção 2650m2
Coordenadores do Projeto António Sérgio Koch e
Ricardo Prata
Colaboradores Bernardo Monteiro, Diogo Guimarães,
Junko Imamura, Kirstin Schätzel, Manuel Vasconcelos, Maria Luís
Barros, Pedro G. Oliveira, Rita Alves, Sofia Torres Pereira, Susana
Monteiro
Eng.º Estruturas AFAconsult
Eng.º Hidráulicas AFAconsult
Eng.º Electricidade RS - Raul Serafim e
Associados
Eng.º Inst. Mecânicas PQF - Paulo Queirós de
Faria
Casa das Histórias Paula Rego - Arquitectura, 2009